Não devemos entender a vida contemplativa apenas como uma vocação dos religiosos chamados a esse estilo de vida, e nem tão somente como a união mística, que S. Tomás chama de “rapto” (cf. S.Th. II-II q175) , cume da vida contemplativa, e que é um carisma com o qual alguns são agraciados, como S. Paulo (cf. 2Cor 12,2) e os grandes místicos como S. João da Cruz e S. Tereza D’Ávila, por exemplo.
Nossa vida é constituída por essas duas dimensões: a da ação, ou das atividades externas que se ordenam às necessidades da vida presente; e a da contemplação, que se ordena ao conhecimento da verdade (as verdades sobre a realidade e a Verdade, que é Deus) um cientista ou filósofo, por exemplo, são contemplativos somente na medida em que penetram nos objetos de seu conhecimento em virtude dos mesmos, e não enquanto os estudam para dar uma conferência ou aula, e nem simplesmente pelo mero afã de saber, no sentido de acumular conhecimentos. De um lado, estão nossas atividades transitivas (orientadas para o exterior); de outro, as atividades imanentes de nosso espírito.