Os Cartuxos, ao morrerem, deixariam a tumba já cavada por
eles próprios dia após dia. Dia após dia ter-se-iam saudado “Morrer havemos”
“Já o sabemos”... São algumas das lendas desses Monges desconhecidos por
escondidos.
A verdade é que entram no seu Deserto para sempre, para
serem enterrados no cemitério da sua Cartuxa, mas sem pressa. Com 80 e 90 anos.
Anos esperando não a morte mas a Vida Eterna.
Desfrutando do cento por um de
quanto deixaram: desfrutando “do gozo e da paz do Espírito Santo”. Morrem repetindo o
latim medieval: “da cella ad cœlum”, da cela ao Céu…
Em símbolo dessa passagem, o corpo vai à terra ta qual
estava na cela, com o hábito branco, sem caixão. E como recebe a “pedrinha
branca” do Apocalipse com o seu nome, na tumba ele não terá nome.
Viveu numa família de solitários e estes acompanham-no ao
seu descanso com um funeral sóbrio mas muito sentido, pois os cantos litúrgicos
acompassam o cair dos terrões sobre um rosto protegido pelo capuchão fechado,
para que a sua face só veja a Face de Deus.
Em Scala Coeli, 2 novembro 2016